Quando volto para casa em um dia de chuva o pano de chão está me esperando com a cara de um pano de chão . Um rosto conhecido! Mas certamente não era sua opção tornar -se um pano de chão . Até
pouco tempo atrás tinha a cara de uma camisa. "Sou uma camisa", dizia. Era macia como se fosse minha segunda pele , mas
certamente tornar- se camisa não foi sua opção. Talvez há muito tempo, em uma terra como a América, teria sorrido como uma flor de algodão sorrindo para o vento e para o sol .
Se eu fosse um pano de chão, talvez
dissesse: " Seria melhor ser uma camisa". Ou então: " Agora me tornei um pano de chão, mas antes eu era uma bela camisa". Um pano de chão que se lamenta assim não é útil. Não é nada fácil um pano de
chão com a forma de uma camisa.
Desempenhar plenamente o papel que nos foi confiado significa transformar- se plenamente em uma camisa quando temos
que ser uma camisa, e voltar a ser um pano de chão quando devemos ser um pano de chão.
Esta é a imagem de quem vive seguindo o caminho da verdade sem pensar em seus desejos caprichosos.
Pensar que o pano de chão não é
importante e tem menos valor do que a camisa é uma idéia banal , a mentalidade típica dos seres humanos. Neste mundo não há diferença de valor entre um objeto
e outro . Ouvi dizer que um pino de poucos milímetros que sustenta os mecanismos de um relógio de cem mil dólares custa apenas dez dólares. Mas este pino tão barato é tão essencial ao funcionamento
da vida quanto um objeto muito mais caro.
Cada parte do relógio tem seu papel no funcionamento do mecanismo e, a cada instante, trabalha sem cessar para. que o
relógio não pare . Também nosso trabalho - qualquer que seja ele - é como as engrenagens de um relógio, mantendo uma família, uma empresa, um país e o mundo.
Se trabalharmos seriamente a cada
instante , colocando de lado nossos
pensamentos e interesses egoístas,
podemos nos transformar em uma luz que ilumina as pessoas que nos circundam.
Nossa presença por si só é suficiente para iluminar e nos tornamos a própria aparição da verdade e do bem comum.
(Shundo Aoyama Roshi, abadessa do Mosteiro Feminino de Aichi)
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