terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Loucos e Santos...

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.


Deles não quero resposta, quero meu avesso.


Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.


Para isso, só sendo louco.


Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.


Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.


Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.


Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.


Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.


Não quero amigos adultos nem chatos.


Quero-os metade infância e outra metade velhice!


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.


Tenho amigos para saber quem eu sou.


Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Oscar Wilde


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