quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A história de Huh Saen



Numa casinha de teto baixo no vale de Namsan, vivia um casal pobre, o senhor e a senhora Huh Saeng. O marido há sete anos se aposentara e só fazia ler no seu frio quarto… Certo dia, a mulher, toda chorosa, lhe disse: “Olha aqui, meu bom homem! De que adianta tanta leitura? Passei a minha juventude lavando e costurando para os outros e mesmo assim não tenho outro casaco ou saia para vestir, e não como nada há três dias. Estou com fome e com frio. Não agüento mais!”…

Ouvindo estas palavras, o estudioso de meia-idade fechou o livro… levantou-se e… sem dizer nada, saiu de casa… Chegando ao centro da cidade, ele interpelou um cavalheiro que vinha passando. “Alô, meu amigo! Quem é o homem mais rico da cidade?” “Pobre camponês! Não conhece Byônssi, o milionário? Sua casa de telhado cintilante e doze portões é logo ali.” Huh Saeng virou seus passos para a casa do homem rico. Atravessou o grande portão, escancarou a porta da sala de visitas e se dirigiu ao seu anfitrião: “Preciso de dez mil yangs para o meu negócio e quero que você me empreste o dinheiro.” “Tudo bem, senhor, para onde mando o dinheiro?” “Para o mercado Ansông, aos cuidados de um agente comercial.” “Muito bem, senhor. Mandarei para Kim, o maior agente comercial do mercado Ansông. O senhor receberá o dinheiro lá.” “Adeus senhor.” 

Quando Huh Saeng se foi, os outros hóspedes na sala perguntaram a Byônssi por que dera tanto dinheiro a um estranho com aparência de mendigo e cujo nome da família não conhecia. Mas o homem rico retrucou com expressão triunfante: “Mesmo vestido com trapos, ele falou claramente o que queria sem trair um sentimento de vergonha ou inferioridade, ao contrário das pessoas comuns que querem dinheiro emprestado para pagar dívidas. Um homem assim é louco ou tem confiança no negócio que vai fazer. A julgar por seu olhar destemido e voz retumbante, ele é um homem incomum com um cérebro sobre-humano, merecedor da minha confiança.

Eu conheço dinheiro, e conheço os homens. O dinheiro em geral torna um homem pequeno, mas um homem como ele faz o dinheiro crescer. Estou feliz de ter ajudado um grande homem a fazer um grande negócio.”

(NOS BASTIDORES DOS PALÁCIOS REAIS DA CORÉIA, HA TAE-HUNG, 1983)

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